 O níquel, assim como a grafita, o lítio e o cobalto, é um mineral estratégico essencial para a transição energética mundial. Devido às suas propriedades pode ser aplicado nos mais diversos setores como engenharia, transporte, construção civil, eletrônicos, entre outros. Em 2020, as substâncias da classe dos metálicos responderam por cerca de 80% do valor total da produção mineral brasileira, sendo o níquel um dos metais de destaque, respondendo por cerca de 2,4% desse percentual. Nesse conteúdo compartilhamos com você alguns dados sobre este importante metal, leia este artigo até o final e fique por dentro dos seguintes tópicos:
Vamos lá? Características gerais do NíquelO níquel é um metal branco-prateado, dúctil, maleável e com peso específico 8,5 g/cm3, é obtido por meio da exploração dos minérios sulfetados e lateríticos, ambos com reservas e depósitos conhecidos. É um elemento de transição que exibe uma mistura de propriedades de metais ferrosos e não ferrosos. É siderófilo (isto é, associado ao ferro) e calcófilo (associado ao enxofre). Os depósitos de sulfeto de níquel são geralmente associados a rochas ricas em ferro e magnésio chamadas ultramáficas e podem ser encontradas em ambientes vulcânicos e plutônicos. Muitos dos depósitos de sulfeto ocorrem em grandes profundidades. Já os depósitos lateríticos são formados pelo intemperismo de rochas ultramáficas e são encontrados próximos à superfície. Aplicações do Níquel O níquel é amplamente utilizado na indústria metalúrgica por sua capacidade de aprimorar as propriedades industriais dos metais e ligas aos quais ele é adicionado. É amplamente utilizado em dezenas de milhares de produtos para o consumidor e em aplicações industriais, militares, aeroespaciais, marítimas, arquitetônicas e de transporte. O principal uso final do níquel é na construção, onde sua resistência à corrosão, força, ductilidade e alto ponto de fusão, contribuem para seu uso generalizado. Outros setores de grande demanda incluem o automotivo e o eletrônico, onde o níquel é um componente essencial em baterias recarregáveis, em processamentos químicos e em encanamentos especiais. Estatisticamente, metade do níquel disponível é utilizado em processos siderúrgicos, e a maior parte da produção mundial de níquel é destinada à produção de aço inoxidável, liga constituída principalmente por ferro, com 18% de cromo e 8% de níquel, usada nas mais diversas aplicações, como material de cozinha, obras que requerem grande resistência e durabilidade, como trilhos ferroviários ou componentes de plataformas de prospecção e produção de petróleo. Confira as aplicações do metal em porcentagem na imagem a seguir:  Aplicações do Níquel por setor. Fonte: Instituto do Níquel Depósitos minerais de Níquel Os minérios lateríticos constituíam a principal fonte de níquel desde 1864, quando foram descobertos os depósitos nas ilhas da Nova Caledônia (Oceania). A importância econômica dos minérios sulfetados teve início com a descoberta dos depósitos de Sudbury (Canadá), em 1883. Com a entrada em produção das minas de sulfetos maciços de Kambalda (Austrália), em 1966, os minérios de níquel sulfetado passaram a dominar o mercado. O Níquel é o vigésimo segundo elemento mais abundante em peso na crosta terrestre e o minério apresenta uma especial importância econômica, existindo depósitos de minério sulfetado (depósitos magmatogênicos), geralmente formando paragêneses com o Fe e/ou Cu-Co, e com alguns elementos especiais como EGPs (Pt, Pd, Ag e Au); ou depósitos na forma de concentrações lateríticas, onde predominam minerais na forma de silicatos e óxidos/hidróxidos (depósitos supergênicos ou oxidados). Os minérios sulfetados são de origem magmática e, além do níquel, possuem em sua composição sulfetos de cobre, cobalto e ferro, assim como alguns metais preciosos (elementos do grupo da platina - EGP, prata e ouro). O níquel pode ocorrer em vários minerais, sendo que a maioria deles é raro. Os dois minerais mais recorrentes são a pentlandita e a garnierita. Confira abaixo outros exemplos de minerais sulfetados e supergênicos em que o níquel pode ocorrer. As formas minerais sulfetadas mais importantes são:
 Pentlandita, amostra da Mina Worthington, Canadá. Fonte: Rruff Project Depósitos supergênicos incluem:
 Garnierita. Fonte: MM Gerdau, Fotógrafa Andrea Ferreira No Brasil três empresas se destacam pela extração de níquel (ANM, 2022):
Recursos e Reservas Os recursos mundiais de níquel são atualmente estimados em quase 300 milhões de toneladas, sendo cerca de 60% em lateritas e 40% em depósitos de sulfeto (Serviço Geológico dos Estados Unidos, 2019). No Brasil, os recursos do metal se dividem em 1.617.500 t de depósitos sulfetados e 14.824.200 t de depósitos lateríticos (Instituto do Níquel). Austrália, Indonésia, Rússia, Canadá e Brasil respondem por mais de 50% dos recursos globais de níquel. Confira abaixo os dados sobre as Reservas mundiais de Níquel de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos.  Reservas mundiais de Níquel. Fonte: Mineral Commodity Summaries - USGS, 2022 Apesar do fato de que quase 80% de todo o níquel foi extraído nas últimas três décadas, as reservas e recursos conhecidos de níquel crescem constantemente. Vários parâmetros desempenham um papel nessa evolução, incluindo um melhor conhecimento de novos depósitos em áreas remotas e o aumento das atividades de exploração por empresas de mineração, impulsionadas por preços atraentes de commodities. Tecnologias aprimoradas em mineração, fundição e refino, bem como capacidades aumentadas, também permitem que o minério de níquel de baixo teor seja processado. A diminuição do teor de minério, portanto, não é necessariamente um sinal de diminuição de recursos, mas um reflexo da inovação e das melhorias feitas na mineração ao longo dos anos. O níquel e a transição energéticaO níquel é um dos elementos que desempenha um papel fundamental na transição energética necessária para reduzir as emissões de CO2. O ritmo da transição energética está aumentando à medida que os pacotes de estímulo ao crescimento verde são introduzidos e as economias e empresas se comprometem com a neutralidade líquida de carbono. A indústria de metais tem a responsabilidade de apoiar e facilitar a transição para uma economia de baixo carbono 'líquido-zero'. As tecnologias de energia limpa geralmente requerem mais metais do que suas contrapartes fósseis. E o níquel, embora inevitavelmente intensivo em energia para produzir, tem um papel crítico a desempenhar. Suas propriedades únicas são o que o torna uma parte fundamental da transição energética. As propriedades do níquel facilitam a implantação de todo o espectro de tecnologias de energia limpa – geotérmica, baterias para EVs e armazenamento de energia, hidrogênio, hidrelétrica, eólica e concentração de energia solar. Também é necessário em tecnologias de energia nuclear, bem como na captura e armazenamento de carbono (IEA, 2021). E o mais importante, o níquel é altamente reciclável, contribuindo para uma economia circular. A SPiN Mining teve a oportunidade de atuar em um projeto de prospecção de Níquel, saiba mais: Case de sucesso Spin - redução de 80% nos custos e tempo de pesquisa mineral para grafita, nióbio, terras raras e níquel. Gostou deste conteúdo? Deixe a sua sugestão para o próximo texto! Leituras complementares: Referências
Instituto do Níquel. Disponível em: https://nickelinstitute.org/. Livro Recursos Minerais do Brasil - problemas e desafios (2016). Acervo MM Gerdau. Disponível em: https://acervo.mmgerdau.org.br/teste-4/garnierita-minerio-de-niquel/. Mindat.org. Disponível em: https://www.mindat.org/photo-311540.html. CODEMGE. Disponível em: http://recursomineralmg.codemge.com.br/substancias-minerais/niquel/#n%C3%ADquel. Mineral Commodity Summaries 2022 - Nickel. Acesso em: https://pubs.usgs.gov/periodicals/mcs2022/mcs2022-nickel.pdf. Anuário Mineral Brasileiro - ANM. Disponível em: https://www.gov.br/anm/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/serie-estatisticas-e-economia-mineral/anuario-mineral/anuario-mineral-brasileiro/amb-2021-ano-base-2020.pdf.
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